Pequenas e Grandes Descobertas - Parte 1

Há algum tempo que ando para escrever este post. No entanto, tenho tido algumas dificuldades. Admito, tenho sido vencida pela preguiça. Uma vez que o fim de ano se aproxima, se calhar faria sentido em colocar no topo das minhas resoluções para 2016 o "Deixar de ser preguiçosa". Ou, vai daí, ainda é um trabalho muito ambicioso e é preciso ir com calma.
Chamemos-lhe "trabalho para a vida".
Quem me conhece talvez já te tenha apercebido da frequência com que utilizo esta expressão.
Acho que a tomada de consciência da nossa existência nos faz reconhecer que tudo é um processo contínuo de avanços e retrocessos. Daí um trabalho que durará toda a nossa existência.

É disto mesmo que pretendo falar hoje. E para exemplificar as minhas divagações, que insisto eu em pensar que haverá alguém interessado em saber, focarei em duas pequenas e grandes descobertas: YOGA e COMIDA.

Amo os dois de paixão!!! :) Um alimenta-me a alma, o outro o corpo. Não posso viver se não ingerir alimentos. E creio que a minha alma ficaria mais pobre se não pudesse deslizar na prática do YOGA.

"Deslizar"??!! Deslizar, ummmmm.... Não me tinha ocorrido antes utilizar este verbo para designar o que sinto que faço em cima de um tapete. Mas acho mesmo que é isto. Deslizo entre movimentos, a respiração desliza entre as extremidades do meu corpo, os batimentos deslizam no pulsar do meu coração.... Tudo é suave! Quando o meu olhar segue a ponta dos meus dedos é suave. Quando os meus dedos tocam no chão é suave. Quando ergo o corpo e me projecto para a frente é suave.
Não consigo explicar melhor. É suave apenas. É consciente. É natural.

O YOGA foi talvez uma das minhas primeiras grandes descobertas. Não sei se existe amor à primeira vista, mas existe amor à primeira prática. Mesmo antes de entendermos o porquê, já desejamos algo que ainda não entendemos bem o que é. Porque na verdade, nunca sabemos!

Como podemos antecipar que iremos mudar crenças e hábitos por algo que tanta gente vê como simples desporto? Como podemos adivinhar que nos iremos descobrir a nós mesmos através de algo que para muitos não é mais do que um hobby?
Digo hoje, com todas as letras, o yoga não é um desporto e deve ser mais do que um hobby. Dito isto, não se deve deixar influenciar jamais por um espírito de competição e vê-lo com mera ocupação é desperdiçar todas as vantagens em incorporar a prática na nossa vida.

O que é o YOGA? Colocaram esta questão numa aula a que assisti no Festival do Yoga que decorreu este Novembro em Lisboa.
Atrevi-me a dizer que YOGA era aceitação. Aceitação do que fui, do que sou e do que serei. Os asanas talvez sejam assim a conjugação do nosso passado e do nosso presente com vista à evolução. Um asana seria, deste modo, uma pequeníssima comparação à natureza que se repete várias vezes mas nunca é igual. Vai evoluindo, evoluindo. Assim como nós, numa dada postura, iríamos evoluindo, evoluindo. Passo a passo.

Conhecer a postura
Reconhecer a nossa respiração
Focar no olhar
Tomar consciência 
Esticar mais um pé
Dobrar mais um braço
Tentar mais uma vez...

O trabalho físico requer acima de tudo trabalho interior. Quando há um reconhecimento interior, a postura "brota", tal como uma flor porque houve um trabalho prévio.
Parecem complicadas estas minhas divagações? Irei simplificar. No YOGA encontramo-nos. Não há cantinho mais sagrado do que o meu tapete de YOGA, mesmo que seja um tapete velho e gasto pelas pontas dos meus dedos dos pés.
Sou grata pelo que me transmitiram, grata pelo compromisso que assumi. É uma espécie de matrimónio sem aliança no dedo. E um caminho sem retorno. E acreditem, às vezes é bom que hajam caminhos sem retorno. Este é um deles.

Os meus três anos de prática não têm sido constantes. Talvez um ano de fidelidade e dois em que me dei à preguiça, frustração e tristeza. Faz parte da vida. Há que aceitar e move on!

Lembro-me de me maravilhar a primeira vez que vi um colega meu a fazer o sirsasana e dizer para mim mesma: "Quero fazer isto!" Não sabia se era possível, nem tinha plena consciência de quais seriam as dificuldades com esta postura.
Hoje sei. É manter o equilíbrio. What else is new!!! :) Não é este um dos maiores desafios da nossa vida? Manter o equilíbrio?


Actualmente ainda me sinto como a Torre de Pisa. Não sei se estou a tombar mais para um lado ou para o outro. Ainda sinto as minhas pernas bambas. Enfim, ainda me parece difícil. A sério, é difícil. Não obstante, hoje, pela primeira vez, consegui fazê-lo sozinha.... Contra a parede, é verdade, mas sozinha. Parece estranho, mas era capaz de jurar que o meu corpo se elevou sozinho! Eh lá, pensei eu... Só pensei mesmo isso :) Aproveitei depois o momento para respirar profundamente e ficar feliz por ter, literalmente, conseguido ficar de cabeça para baixo. 

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