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A mostrar mensagens de novembro, 2024

Caminhada

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Apanhei o 783. Saí na Avenida do Brasil e caminhei até à estação de metro da Encarnação. Já há algum tempo que não fazia estas caminhadas por Lisboa e pela escuridão da noite quando os dias de sol começam a ser menores com a aproximação do Inverno. Tive a mesma sensação de conexão profunda. Apercebi-me de que a noite traz-nos outra perspectiva das coisas. Caminhar de dia não é o mesmo que caminhar de noite. O nosso campo de visão diminui mas, por sermos menos estimulados pelo que vemos, acabamos por estar mais atentos aos sons e cheiros. Senti uma enorme tranquilidade e gratidão. Cada vez vou entendendo melhor de que não devemos cobiçar o lugar dos outros. Temos o nosso próprio espaço e tempo. Aceitar isso é abandonar pesos desnecessários. Deixo o registo fotográfico de Segunda-Feira.

Em processo

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Tive hoje consulta de psicologia. A terceira. A primeira deu-me esperança. Na segunda não senti o mesmo ímpeto. Hoje creio que talvez tenha conseguido um certo equilíbrio. Há ideias e emoções minhas com as quais estou familiarizada. Há certos padrões que são reconhecidos. Mas hoje consegui alguns insights que ainda não eram tão óbvios para mim. Foi produtivo. Enquanto estava na sala de espera, a aguardar a minha vez, chamou-me à atenção uma senhora de certa idade a brincar com o neto. A criança ria e a senhora ria a cada gracinha feita por aquele menino pequenino. Por momentos, desejei poder voltar a ser criança. Fazer-me tábua rasa e poder construir uma nova história, uma nova pessoa. Conforme comentei depois com a minha psicóloga, sei que todos nós temos dificuldades de alguma espécie e para cada um de nós os seus desafios são sempre perspectivados com uma certa dose de dificuldade. Não sofro mais do que os outros. Mas estou cansada de fazer esta caminhada. Não estou cansada de exist...

"Deus não precisa de ti", Esther Maria Magnis

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Acabei ontem de ler "Deus não precisa de ti" de Esther Maria Magnis. Achei o livro fantástico e recomendo a todos que estão nesta caminhada de fé de encontro a ou reencontro com Deus. Não sei como definir o final do livro. Não sei se devo considerar que acaba bem ou mal. Não era o que eu estava à espera e senti muita pena da autora, apesar de entender que a sua fé acabou por sair reforçada no meio de tanta dor. Em momentos senti o seu desespero e revolta. Entendi a dor emaranhada no seu peito quando Deus parece ausente ou nos leva a crer que as nossas preces não são ouvidas. O caminho da Fé não é fácil. Não é linear. Porque também a vida não é fácil. E nem sempre sentimos o colo Dele, o consolo Dele, a presença Dele. Nem sempre entendemos o porquê. Nem sempre identificamos a lição por detrás dos nossos tropeços. Se é que há alguma lição! Inquirir não significa ter respostas. Inquirir, muitas vezes, evidencia apenas o quão pequeninos e desconhecedores somos. E é importante est...

"Não estejais inquietos por coisa alguma (...)"

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Há uma crescente aceitação da minha parte relativamente a quem sou e às circunstâncias da minha vida. Consigo reconhecer que não sou como se calhar gostaria de ser e nem a minha vida é como eu sei que gostaria que fosse. Mas aceito. Aceito como uma constatação de algo, até certo modo, inevitável. Como olhar para um carro e reconhecer que ele é branco. Não interessa se eu gostaria que ele tivesse outra cor. Não interessa se eu gosto da cor branca ou não. Ele é branco. Acho que, mais ou menos, isto vai acontecendo com toda a gente. O parar de lutar contra o que é. E é bom - creio eu! - que haja essa aceitação porque remar contra a maré é, na grande maioria dos casos, infrutífero. Reparei ontem que há coisas que eu não peço a Deus. Sei que elas acontecerão se tiver de ser ou não acontecerão se não tiver de ser, mas será que eu consigo reconhecer, de forma verdadeiramente honesta, o que eu desejo para mim? Será que eu sei mesmo o que eu quero, o que eu desejo, o que é melhor para mim? Nos ...

Talvez

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Domingo de Novembro com algum sol! Os últimos tempos não me têm levado a grandes percursos sozinha. Gosto da solidão, mas às vezes pesa. Gosto do silêncio, mas às vezes pesa. Desejo, porém, que haja nessa solidão e silêncio uma aceitação sem que porém seja forçada. Faz parte de quem sou, da minha vida, da minha essência. Estacionei em Belém. Vim acompanhada por "Deus não precisa de ti", um livro de Esther Magnis. Apetece-me ler sobre Deus, experiências de outros com Deus, leituras que vou intercalando com a Bíblia Sagrada. Quero saber mais sobre Ele. Quero ouvir falar Dele. Estou curiosa. Estou sedenta. Tenho fome de respostas. Tenho fome de Verdade. Haverá maior Verdade do que Ele? Talvez a minha solidão tenha sido a forma que Deus encontrou de me levar a procurá-lo. Talvez o silêncio tenha sido a forma que Deus encontrou de me levar a ouvi-lo.

Regressar

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Sou caminhante mas os meus pés já não me levam a percorrer as ruas de Lisboa. Gosto de pensar que encontrei algo na minha vida que já não requer este hábito. Ou, talvez, seja a idade que me deixa assim. Desci do autocarro no Marquês e segui pela Avenida da Liberdade. A enchente de turistas, conjugada com as obras, cheiro de urina nas ruas e barulho excessivo já não me é apelativo. (Continuo a adorar-te Lisboa mas acho que mudámos as duas!) Em diversos momentos pensei em voltar a fotografar: um restaurante com uma decoração excêntrica, uma loja com enfeites de Natal, a fachada do Teatro Politeama a fazer promoção ao musical "A Bela e o Monstro" de Filipe la Feria, o  Castelo de S. Jorge iluminado no alto. Mas,... Mas já não me apetece. Já não tento registar para depois recordar. E com esforço, porque me dói o corpo, lá me arrastei até ao metro do Terreiro do Paço. Tudo isto me mostra como de facto o tempo corre, nós vamo-nos transformando e isso é visível por vezes em coisas a...