Reflexões
Tenho refletido imenso sobre a minha caminhada. Com o tempo encontrei uma serenidade que me faz olhar para a minha vida com outros olhos. É certo que ainda tenho os meus momentos de ansiedade que atribuo a condições hormonais, nível baixo de serotonina ou apenas uma grande predisposição genética. Mas, e apesar disso, consigo em consciência ser grata pela vida que tenho. Ainda ontem, enquanto fazia a A1 em direção a casa, refletia sobre isso mesmo e, dirigindo-me a Deus, reconheci que sou uma pessoa abençoada.
Não tenho a vida que imaginei para mim. Mas fiz as pazes com a pequenina Lídia e
ela comigo. Acredito piamente nisto porque já não olho para ela com raiva, nem
tristeza, nem desprezo. Muito pelo contrário, apetece-me diariamente dar-lhe
colo e dizer-lhe o quão especial ela é para mim.
Talvez grande parte da minha serenidade se deva exatamente a isto. Já não olho
para o passado distante com mágoa, ainda que reconheça que houve circunstâncias
familiares que me marcaram e marcarão para sempre. Vejo isso, por exemplo, na
minha grande dificuldade em relacionar-me com as pessoas, em deixar que elas
estejam muito presentes na minha vida e em aceitar críticas e julgamentos. Mas
há um lado meu que, apesar disto, consegue ver beleza e encontrar a luz num
mundo tão caótico.
Não sei o que o futuro me reserva. Depois de me retirar do “mundo esotérico” fui
obrigada a questionar as minhas antigas convicções e certezas. A verdade é que
eu vejo hoje a vida de uma forma completamente diferente e já não me agarro a
respostas fáceis. Não busco escapismos, mas apenas Deus e acredito que a minha
relação com Ele é bastante simples. Às vezes manifesta-se no som do vento ou
numa gargalhada de criança. Outras no cheiro de terra molhada ou na água
salgada das praias da linha de Cascais. Onde cada um de nós está, Ele está e
através de cada um de nós descobrimos mais um pouco sobre quem Deus é.
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