Confidências
Tenho vindo a deixar que o pior de mim venha à superfície e, honestamente, sinto-me bem de cada vez que o faço.
Há uma voz tímida, quase inaudível, que me aconselha a não o fazer, mas não a oiço e não a aceito.
Se acumulei karma bom, queimei-o todo. E não lamento.
Sei que é um estado de espírito e, como todos os estados de espírito, passará. Até lá alimento-me da mágoa até ao sufoco.
Há momentos na vida em que fazemos escolhas deste género quando o tumulto interior é demasiadamente forte para que as nossas estruturas mental e emocional consigam passar incólumes.
Há tanto que não digo mas sinto.
Há tanto que não digo mas penso.
Há tanto que não digo mas dói até aos recônditos da alma.
E há tanto que, ao não ser dito, fica por dizer.
É irónico como, apesar de adorar as palavras, tenho uma enorme dificuldade em dizê-las e o tempo certo para as dizer parece que nunca chega e quando as digo o tempo já não é o certo.
Há uma dissonância e a vontade não acompanha o acto ou o acto é desprovido de vontade. Nem sei qual dos dois casos é pior!
Hoje quando me olho ao espelho não estou certa de quem vejo e por momentos até me parece que, quem vejo refletida no espelho, é alguém que ainda não conheço.
Poderia chamar a este processo o "cair da máscara", mas não sei se por detrás da máscara que agora retiro encontro a minha pele ou apenas uma outra máscara que vai cumprir uma função semelhante à anterior.
Na verdade, sei muito pouco, mas esta não é a fase das respostas. Nem estou confiante que seja a fase das perguntas.
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