Eu

Esta sou eu. Tinha 4 anos.
É estranho olhar para a foto da criança que fui e procurar nela aquilo que, ao longo dos anos, fui perdendo de vista.
Tenho algumas fotos espalhadas pela casa, mas não tenho por hábito prestar-lhes qualquer atenção.
Acho que não se deve olhar demasiado para o passado quando se sonha com o futuro. Admito também que, talvez, tenha havido um momento na minha vida em que me convenci que não valia a pena recordar. E esta menina ficou para trás, juntamente com todas as fotos que a retrataram. Até hoje.
Esta sou eu, mas não sou eu. Para além dos caracóis, tudo o resto mudou. E se é certo que o tempo traz a sabedoria, também é certo que leva de nós grande parte da coragem que só as crianças possuem e que está intimamente ligada à capacidade em não ter medo de sonhar.
Cada um de nós é a soma das circunstâncias a que vive sujeito e a que se sujeita. Diariamente convivemos com o resultado das nossas escolhas, mas as primeiras impressões jazem nesse passado da infância em que sorrimos pela primeira vez e chorámos pela primeira vez.
Hoje, enquanto recordo quem fui tento entender em quem me tornei.



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