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A mostrar mensagens de setembro, 2017

[Nem tudo é dias de sol]

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Há dias em que o sinto dá um poema que alguém já escreveu: Nem tudo é dias de sol, E a chuva, quando falta muito, pede-se. Por isso tomo a infelicidade com a felicidade Naturalmente, como quem não estranha Que haja montanhas e planícies E que haja rochedos e erva... O que é preciso é ser-se natural e calmo Na felicidade ou na infelicidade, Sentir como quem olha, Pensar como quem anda, E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre, E que o poente é belo e é bela a noite que fica... Assim é e assim seja... Alberto Caeiro

Neste virar para dentro

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Na necessidade em agradar, abanas a cabeça mecanicamente em sinal afirmativo enquanto o corpo se contrai até à dor. E se ontem, naquela luta interior que se desenrolou no teu tapete de yoga, te atreveste a abrir o peito, o coração bem vibrante a apontar para o universo, logo hoje o empurras para dentro e o abrigas a manifestar-se apenas no silêncio. Vivemos em modo ioiô, num ritmo ditado pela batuta da nossa mente.

Sonhos de Outono

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Procuro refúgios dentro de mim, em vez de procurá-los fora, mas preciso de lembretes que me recordem o que sou e me esqueço tantas vezes… Fui este fim de semana a Monsanto na tentativa de me recordar. Enquanto caminhava sozinha, sentia o vento no rosto e tentava vislumbrar mais além as formas das árvores, das intersecções e dos transeuntes, senti o quão grande somos quando saímos da pequenez das nossas certezas. E quando me dizem hoje: “devias ser assim”, rejeito calmamente a sugestão. Quando percebes quem és, não podes aceitar em ser algo diferente. Não pretendendo desiludir, também não consigo lamentá-lo totalmente. E minuto a minuto, o outono aproxima-se. Desafio-me então! Que tal olhar para dentro e retirar a bagagem em excesso!!! Desprender! Desgarrar! Libertar! Despir de velhas ideias, crenças ou hábitos tal como as árvores se despem da sua folhagem! Abraçar o verde esperança tão característico da estação outonal e abrir o coração às possibilidades!

Regresso a casa

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Da janela do escritório vê-se a A5 a atravessar Monsanto. Ocorre-me pensar naquela estrada como o caminho da vida que cada um de nós percorre.  Somos almas a desfilar, mas preferimos a identificação com a carcaça que molda a nossa imagem. Vivemos entorpecidos pelo medo ou embriagados pela saudade ou extasiados pelo desejo. E queremos sempre qualquer coisa: mais sucesso, mais amor, mais dinheiro, mais bens materiais, mais saúde, mais jovens, mais belos, mais perfeitos,… Ignoramos que estamos a fazer o caminho de regresso a casa e a casa regressamos de mãos vazias. O que levamos é a experiência. À porta de entrada não passa quinquilharia e o nosso coração é pesado na balança. Não há vestes, nem plumas, nem ouro. Não há pão para nos encher o estômago nem água para nos saciar. Há aquilo que não se agarra, que não se toca, que não se vê, apenas se sente.

Gratidão

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Medos

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Quis fazer, mas tive medo. Quis agir, mas tive medo. Quis tentar, mas tive medo. Quis ser eu, mas tive medo. Medo de fazer errado. Medo de agir errado. Medo de tentar errado. Medo em ser a pessoa errada. Marimbei-me e fiz. Talvez tudo errado. Nunca me senti tão livre !

Ainda não

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Não me dou por vencida, mas desço hoje do meu pedestal. Digo-lhe apenas: “Não sei ser mais do que quem sou.” “Não sei fazer melhor.” “Ainda não…” E no “ainda” reside toda a minha esperança, porque este “ainda” leva-me na continuidade do caminho, nas ínfimas possibilidades, no que está mais além. É esta a batalha sem fim que faz de nós guerreiros mesmo antes de colocarmos armadura, mesmo antes de percebemos que temos de lutar porque ninguém o fará por nós.

Acceptence

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If you still cannot be your best friend, at least try not to be your worst enemy.

Tique taque

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Tique taque… Habituei-me ao meu rosto refletido no espelho e nem sempre me dou conta que o tempo de hoje não é o tempo de ontem. Ando nostálgica e pensativa. Sei o por quê, mas não o admito. Vou admitindo outras coisas sobre as quais antes não falava. Uns quantos passos em frente, outros tantos passos atrás…. Feitas as contas, talvez esteja exatamente no mesmo sítio. Mas o relógio lá está, a marcar as badaladas, relembrando que cada dia que avança é um dia que se torna lembrança. Tique taque…

Pazes com o passado

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Estive hoje a ver fotos de outros tempos, de outras recordações, de outras lembranças. Há alguns anos saí da minha terra natal e vim para a capital. Fez-me tanto sentido sair de lá, como me tem feito sentido não regressar. No entanto, hoje, pela primeira vez, pareceu-me estranho e incoerente da minha parte e reconheço, talvez a contragosto, que me tenho limitado a fugir. A fugir da lembrança do que não fui como se o que fosse hoje fosse muito melhor do que o que não consegui ser naquela altura, naquela terra. Mas, e se o que sou hoje devo à pessoa que fui, não estará na altura de fazer as pazes com o passado?