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A mostrar mensagens de julho, 2023

Do aniversário e outras reflexões

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Ontem foi o meu dia de anos. Escolhi como destino o Mosteiro da Batalha, na companhia das pessoas que são mais importantes para mim. Recebi votos e mensagens de muita gente. Algumas pessoas, de quem eu esperava mais, não o fizeram. Um grande amigo meu, com quem falei há pouco tempo, comentava comigo a propósito das relações entre pessoas, que não temos de dar apenas em consonância com o que recebemos mas também não pode ser sempre o mesmo a dar e o outro a receber. Isto é válido para todos os tipos de relações. Faz-me colocar, uma vez mais, tudo em perspectiva. Não posso dizer que estou desiludida com isso mas, sem sombra de dúvida, que me obriga a questionar e, sobretudo, torna-me muito mais exigente nos relacionamentos. Cada vez entendo melhor que sou eu que tenho de ter a força de vontade para deixar ir quem não me trata com o mínimo de respeito. Por outro lado, cabe-me a mim definir os limites do que é aceitável e não aceitável, do que é permitido e não é. E, acima de tudo, consegu...

10 minutos de palavras

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Depois de duas semanas de treino intensivo, fui-me abaixo esta semana. Questionei se era por uma questão hormonal ou cansaço físico. Por fim, concluí que talvez esteja a abusar das lentes de contato enquanto me sento frente a um computador durante 8 horas diárias. Sinto-me azamboada, diariamente. A minha mente não quer colaborar, nem o meu corpo. Há um alívio quando, ao final do dia, me deito na minha cama. É onde quero estar, a descansar e em silêncio. Não tenho paciência para ouvir os dramas das outras pessoas. Reconheço em mim uma certa frieza emocional mas não me sinto mal com isso. Acima de tudo, não me sinto obrigada a gostar, a aceitar, a ouvir e a estar presente. Não me sinto obrigada a ser atenciosa, maternal e mostrar disponibilidade. Irrita-me, sobremaneira, os "discos riscados". Ontem dei-me conta de que, na verdade, só me preocupo com um número muito reduzido de pessoas. A humanidade, no seu todo, é uma desilusão. Os dramas dos homens são uma peça de teatro de pé...

"(...) divórcio da humanidade" // Milan Kundera (1929-2023)

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"Ainda tenho nos olhos a imagem de Tereza sentada num tronco, a afagar a cabeça de Karenine e a meditar no fracasso da humanidade. Ao mesmo tempo, aparece-me outra imagem: a de Nietzsche a sair de um hotel de Turim. Vê um cocheiro a vergastar um cavalo. Chega-se ao pé do cavalo e, sob o olhar do cocheiro, abraça-se à sua cabeça e desata a chora. A cena passava-se em 1889 e Nietzsche, também ele, já se encontrava muito longe dos homens. Ou, por outras palavras, foi precisamente nesse momento que a sua doença mental de declarou. Mas, na minha opinião, é justamente isso que reveste o seu gesto de um profundo significado. Nietzsche foi pedir o perdão por Descartes ao cavalo. A sua loucura (e, portanto, o seu divórcio da humanidade) começa no instante em que se põe a chorar abraçado ao cavalo." A Insustentável Leveza do Ser

Outsider

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Enganei-me e engano-me em muita coisa. Sou orgulhosa e arrogante. Dei-me conta disso nos últimos dias. Anseio pelo reconhecimento mesmo quando acho que não preciso. Analisei as minhas mais recentes reacções e tornou-se claro para mim. Talvez por isso eu fuja tanto das pessoas. Na solidão os meus defeitos não são tão notórios porque movimento-me num palco feito de monólogos. Trabalho a solo . Não é o ideal e sei que no fundo eu quero dar de mim, quero entregar-me, quero estar presente. A minha sobrinha - e nisso as crianças são fantásticas - mostra-me isso mesmo em mim. Mas eu desconfio mais do que confio. E ainda que querendo estar em presença, é mais comum a minha ausência.  A mudança nas minhas crenças ainda me tornou mais solitária porque agora já nem me identifico com as palavras que vou encontrando no mundo esotérico. Retirei-me desse mundo e, vendo-o de fora, deixei de compreender a sua linguagem. Estranho não é? É como se, de repente, falassem numa língua estrangeira que eu ...